sexta-feira, 28 de dezembro de 2007

30 Seconds to Chapter 27

As histórias de Jared Leto
por Jonathan Dekel

“A certa altura da noite, trouxeram-nos sangue para bebermos e até nos encorajaram a bebê-lo com uma raíz qualquer.”
O actor e músico Jared Leto relembra-se das peripécias da banda enquanto estiveram na África do Sul.
“A seguir, o Matt tirou as roupas todas e começou a dançar nu à volta de uma fogueira.” Jared olha para Matt, que está a almoçar à sua frente. “É verdade.” confirma Matt entre dentes.
Sem tocar na salada que tinha pedido à 20 minutos, Jared abre a boca para contar outra anedota, quando o telemóvel dele toca. Ele olha para o visor para ver quem ligou.
“É a minha mãe. Eu ligo-lhe mais tarde.” diz Jared, sorrindo timidamente. “Onde é que eu ia? Ah, já sei. Na Tailândia…” O telemóvel toca de novo, mas agora é o seu irmão, o baterista Shannon Leto. Ele atende a chamada.
“A minha avó ouviu a nossa música na rádio, fixe, não? O DJ estava a elogiar-nos e a dizer o quão bom era o nosso videoclip e a minha avó ligou à minha mãe, que me ligou a mim. Elas apoiam-nos muito.
A Tailândia vai ter que esperar.
Vestidos de preto dos pés à cabeça, os 30 Seconds to Mars – compostos por Jared Leto, Matt Wachter, Tomo Miličević e Shannon Leto – estão em Toronto para acertar os últimos detalhes para da sua próxima tournée, Forever Night Never Day. Sentados numa longa mesa num restaurante local, o Shangai Cowgirl, a banda tenta comer alguma coisa entre sessões fotográficas.
Na próxima hora, Jared fala honestamente sobre todos os aspectos da vida dele. A sua escolha nos filmes, a “cicatriz emocional” que as personagens deixam nele, o seu fascínio pelo lado obscuro da existência humana, o seu papel como Mark David Chapman, o assassino de John Lennon, no seu mais recente filme Chapter 27 e, é claro, sobre a sua banda. Nunca hesitando no tom de voz, o seu carisma é altamente contagiante. Quando ele fala, os seus olhos nunca deixam os teus. O que quer que seja que ele diga, nem que seja tão chocante como danças à volta de uma fogueira, não é difícil acreditar nele.
Torturado, lindo, modesto e mais recentemente condenado, as personagens que ele faz, muitas vezes retratam o lado negro do ser humano mesmo sendo lindo no exterior. Desde que fez a sua marca nas jovens por todo o mundo, em 1994, como o iletrado Jordan Catalano na série My So-Called Life, o Jared estabeleceu-se como um dos rapazes mais bonitos e sexys de Hollywood.
A actuação em filmes como Fight Club, American Psycho e Girl, Interrupted mostrou que o Jared não é só mais uma carinha bonita. Mas seria com o papel de Harry Goldfarb, no filme Requiem for a Dream, nomeado para um Oscar, que lhe deram o devido respeito que merece.
Quando a revista People Magazine o estava a nomear como um dos 50 homens mais sexys do mundo, o Jared e o seu irmão Shannon estavam a construir a sua banda, os 30 Seconds to Mars.

No dia seguinte, os 30 Seconds to Mars estão a fazer o que fazem de melhor: actuar. O Jared salta para cima e para baixo sem parar. Gritando num segundo e brincando com os fãs no seguinte. Usando calças brancas com o símbolo da banda a condizer, a banda actua enquanto que as fãs gritam e acenam para eles. Na maioria menores de idade, esta é uma das poucas oportunidades que elas terão para ver o seu galã em carne e osso. As raparigas ou mulheres cantam todas as canções e gritam de cada vez que há uma pausa na música. Os seus namorados concordam.
Quando o concerto acaba, as fãs começam a fazer fila para uma sala onde estava agendada a sessão de autógrafos. Uma hora e meia depois a banda regressa ao Soho Metropolitan Hotel.


Lançámos a nossa primeira amostra em 1998 sem editora.” explica Shannon Leto em relação às origens da banda. Tocávamos em shows e mudávamos o nosso nome todas as noites. Queríamos fazer uma aproximação mais artística do rock. As primeiras fotos que estavam no nosso site eram de estranhos, não nossas. O começo foi bastante excitante.
Os 30 Seconds to Mars lançaram o álbum de estreia com o mesmo nome em 2002. O facto do tema do álbum estar envolto numa rede conceptual e de misticismo, provou que os 30 Seconds to Mars são uma boa escolha. Eles tiveram alguma dificuldade em afastar as atenções dos media que vieram quando se soube que o vocalista era o actor de Hollywood, Jared Leto. A banda decidiu que o melhor plano para provar que eram bons era actuar. Seguindo o seu lema em Latim “Provehito in Altum”, lançaram-se os quatro ao desconhecido.
“Este é o exemplo da maneira mais orgânica de construir uma banda.” afirma Jared. “Tocámos mais de 500 concertos para o primeiro álbum. Nestes tempos, para seres recompensado é preciso trabalhar no duro.”
Com estas tournées constantes, a banda ganhou um legião de fãs chamadas “Echelons”. “Todos os elementos que incorporámos, não só a música, mas também o trabalho artístico, eram coisas que as pessoas procuravam e penso que foi isso que fez com que esta legião se formasse.” explica Leto.
O escape foi um tema que aprofundaram ainda mais no segundo álbum. Gravado na África do Sul, Tailândia, Marrocos e América, A Beautiful Lie é um álbum muito básico e emotivo. Em contraste com o seu predecessor, neste álbum os temas despem-se de alguma grandiosidade conceptual, sendo substituídos por temas mais pessoais e liricamente mais directos.
“Queríamos que fosse imediato” afirma Leto. “Definitivamente queríamos dar a entender que era qualquer coisa maior que os pensamentos diários e ideias para explorar. Mas às vezes as grandes ideias são as mais simples. Este álbum é, definitivamente, muito pessoal e honesto. É um furacão emocional. É uma celebração da vida.
Apesar de ser mais pessoal e liricamente mais directo, A Beautiful Lie ainda tem um pouco das origens da banda, digamos que num tom mais baixo.
“Quando fizemos o nosso primeiro álbum, as pessoas pediam-nos para não usar o termo ‘álbum conceptual’ porque era muito impopular na altura. Se olharem para o trabalho artístico do primeiro álbum, há uma certa continuidade de um álbum para o outro. É escrito na perspectiva de uma pessoas que está nas encruzilhadas da vida e que confronta enormes desafios para seguir em frente como ser humano.”
O primeiro single, “The Kill”, provocou um enorme impacto nos fãs e nos media. Realizado pelo Jared, com uma imitação do filme The Shining, o vídeo centra-se no tema de escape. Isto permitiu-lhe juntar as suas duas paixões numa homenagem cinematográfica e musical não somente ao single da banda mas também ao tema constante que está presente nos papéis que ele desempenha.
“Há definitivamente lados de violência; lados que lidam com o isolamento e alienação – o que é realmente ser humano. Há um certo elemento sinérgico entre música e os filmes que eu faço, porque é realmente o ‘campo de batalha’ onde nós, como artistas, estamos a caminhar.

Kits de matar vampiros lado a lado com relíquias de instrumentos de tortura medieval. Na parede, cabras de duas cabeças guardam autenticas caveiras. No piso de baixo, uma múmia Egípcia descansa em paz. É a sessão fotográfica da Gasoline Magazine. A banda posa para as fotos enquanto o seu manager vagueia pela casa, apreciando as suas maravilhas. Á entrada, uma equipa da CTV’s Etalk Daily, espera pacientemente pela sua oportunidade de entrevistar Jared.

“Foi o filme mais difícil em que eu alguma vez trabalhei. Quando estás a carregar aquela bagagem emocional todos o dias, é muito difícil. Não foi um filme divertido de se fazer.”
Jared está a falar do seu novo filme Chapter 27 onde ele tem o papel de Mark David Chapman. Para o papel de um assassino psicótico teve que ganhar 30 Kg e foi a Atlanta e ao Hawaii num esforço para melhor entender a sua personagem.
“Eu tornei-me quase num jornalista de investigação. Eu era basicamente um voyeur da vida dele. Agarrei-me a cada facto que sabia de Mark Chapman.”
Como ele diz, Chapter 27 não foi um filme fácil de fazer a qualquer nível. Quando a notícia da existência do filme se espalhou, houve naturalmente protestos. No entanto, quando os fãs descobriram que o filme iria ser filmado no Dakota Hotel, no mesmo edifício onde Lennon foi assassinado e onde a sua viúva Yoko Ono ainda vive, os protestos foram ainda maiores.
“Todos tivemos os nossos problemas. Quando se faz um filme destes, é óbvio que vai atrair muita atenção e penso que [criticando o filme] é um argumento saudável para as pessoas terem” defende Jared, suspirando. “Este filme não vai dar todas as respostas. Penso que o realizador acertou quando disse que podíamos investigar toda a sua infância e mesmo assim não saberíamos porque é que o fez.”
“Este filme explora os três dias em que ele esteve em Nova Iorque, de Sábado a Segunda, e o que é que ele passou. Não é uma história de sociopata narcisista com tendências psicóticas, que ia cometer um acto de suicídio social. É um filme que dá uma visão rápida sobre a loucura. É um exemplo de um ser humano que era doente e magoada. É um filme muito interessante, desafiador e difícil para toda a gente envolvida.
“Eu percebo que não queiram que este filme seja feito” garante. “Na minha perspectiva, é importante explorá-lo. É como fazer Schindler’s List. Hitler foi um monstro horrível, mas mesmo assim é necessário explorá-lo. Podes varrer isto para debaixo do tapete ou podes olhar-lo de frente. Não vai mudar o que aconteceu.”
A personagem de Mark David Chapman assenta como uma luva no tipo de papéis que ele já fez. Assim como uma criança na sua inocência, eles acabam sempre por ficar desfigurados ou estragados [em relação à sua personalidade] em consequência do que passaram. Como Jared diz, eles assombram-no de uma maneira ou de outra.
“Existem diferentes razões para fazer um filme diferente e Chapter 27 foi certamente transformante. Mudou-me fisicamente, mentalmente e emocionalmente. Ensinou-me quais são os meus limites e do que é que eu sou capaz. Estou certo de que, de alguma maneira, não podes evitar ser emocionalmente mudado por alguns papéis que fazes. É uma cicatriz. Não é má, mas está lá. É uma parte que define a tua vida, para o bem ou para o mal. Mesmo que o filme seja um fracasso, a caminhada é exactamente a mesma. Eu não sou o realizador. Sou somente o actor. Tu fazes esta caminhada no momento em que aceitas o papel e provavelmente sais dela mudado. É por isso que fazer este tipo de filmes se opõe a filmes como The Fast and The Furious Part Six. As pessoas adoram esses filmes. Eu não tenho nada contra eles – eu reconheço a necessidade por esse tipo de filmes como a necessidade de um filme como Chapter 27.”
Isto é o que ultimamente distingue o Jared da sua geração em Hollywood: a sua obsessão por papéis difíceis. Seria muito difícil encontrá-lo em qualquer coisa que se pareça com um herói romântico. Mais um crédito para a sua obsessão pelo lado negro da condição humana.
“Penso que explorar o fracasso da humanidade é uma importante experiência para qualquer actor. Todas as semanas se explora o sucesso da humanidade em filmes centrados no romance ou na comédia, mas é importante também explorar o fracasso. Perceber as razões pelas quais há inevitavelmente um lado ser humano que não ganha.”
E acrescenta rapidamente, “O mais engraçado é que podes quebrar essas regras. Vou lixar a cabeça a toda a gente e fazer uma comédia romântica. When Harry Met Sally 2: Sally’s Revenge, The Prequel.”Solta uma grande gargalhada e levanta-se para cumprimentar. Exausto, come o primeiro bocado da sua salada

1 comentário:

Unknown disse...

O Jared é o melhooooooooooooooor !
já vi toooodos os seus filmes e realmente ele consegue ser impactante e alternatiivo em tudo q faz ! amoo muiito e queriia saber quando os 30 seconds to mars vão vir ao Brasil de noovo ! de preferenciia no rio de janeiro !